Monday, May 31, 2010

A NAU FLOR DE LA MAR: A BELA ADORMECIDA

FLOR DE LA MAR

A Bela Adormecida

Adormecem, nos abismos dos sete oceanos, barcos portugueses que na procura de outras terras e seguindo o espirito da obra do Infante D. Henrique que aspira (e conseguido) fazer de Portugal um império comercial no contexto das nações do Velho Mundo.

Mas, embora a Obra do Infante fosse concretizado, a grandeza do fruto expansionista, do seu sonho, que não viria a conhecer, o filho de D. João I e D. Filipa de Lencastre, não foi bastante, a sua vida para observar a glória de tão poucos e da tão grande

Obra que doaram a Portugal e consequentemente ao Mundo, da época, ligando o conjunto de etnias; dar-lhes uma nova forma de vida após a descoberta da rota marítima pelo Cabo da Boa Esperança ao oriente e Américas.

O Grande D, Afonso de Albuquerque, animado pela realidade da profécia do Infante, envolve-se no projecto megalómano e arrojado de conquistar os mercados Orientais, depois da tomada da praça de Goa, em 1510, navegar mais ao Sul do Mar de Andaman e adquirir a administração de Malaca; a permuta de mercadorias, ali transaccionada, vindas de todo o Oriente.

A Flor de la Mar, nau de 400 toneladas, construída em Lisboa em 1502. Nesse ano e sob o comando de Estevão da Gama (irmão de Vasco da Gama), sulca os mares em direcção à India. A segunda viagem acontece em 1505 e, ao dobrar o Cabo da Boa Esperança sofreu um rombo no casco e, reparado em Moçambique.

Participa na conquista de Ormuz, em 1507, na batalha de Diu, em 1509 e na conquista de Goa em 1510 e em 1511 na conquista de Malaca. Afonso de Albuquerque utilizou-a para transportar de Malaca, o espólio tomado na conquista do entreposto comercial rico e o mais significativo de toda a Àsia.

A nau não venceu a tormenta que pairou no estreito de Malaca, na noite de 20 de Novembro de 1512

Ficou sepultada a “bela adormecida”, na base do mar com: ouro, pedras preciosas, obras de arte, mercadorias exóticas, adornos que depois da morte do grande capitão, da Índia, desejaria que estes servissem de vaidade e decoração fúnebre do seu mausoléu.

A Flor de la Mar e a suposta localização, serviu nos anos de 1989 a 1992, assunto discutido e publicitado na imprensa, escrita, do Sudeste Asiático é dá motivo a contravérsias onde se afirma, sem fundamento, que a Malásia disputa com a Indonésia os salvados nas entranhas das águas do estreito.

Entretanto, Robert Marx, de nacionalidade americana e um caçador da recuperação de tesouros, que segundo se constou dispendeu 20 milhões de dólares no projecto de trazer â superfície da água as riquezas da nau.

Afirmou ter luz verde para iniciar as operações de salvamento do espólio e, segundo as suas declarações: “o barco mais rico desaparecido alguma vez no mar; com a certeza que a bordo tinham sido carregados 200 cofres de pedras preciosas; diamantes pequenos com a dimensão de meia polegada e com o tamanho de um punho os maiores”.

A nau da desventura continua adormecida, embalada pelas ondas, ao sul do mar de Andaman há 490 anos.

Até quando?

Talvez até sempre.

A última viagem da nau

Partiu de Malaca, sob o comando de Afonso de Albuquerque. O destino era Goa. O ilustre e indomável português da era da expansão,portuguesa, na Ásia, cheio de glória por ter dotado Portugal com o controlo e administração do maior centro de permutas de todo o Oriente. Com a Flor-de-la-Mar, navega a nau Trindade e um junco chinês. Afonso de Albuquerque ordena o carregamento na sua nau, Flor de- a Mar, os troféus da conquista.

Embarcadas mulheres, artesãs, hábeis na arte de bordar o fio de seda. Jovens dos dois sexos, filhos de nobres do Cabo de Camorim, para servirem a Rainha Dona Maria no Paço da Ribeira.

Finas decorações trabalhadas em madeira de Sândalo e Rosa, barras de ouro puro, ornamentos que serviram de cobertura no dorso de elefantes, nas grandes cerimónias quando o Sultão de Malaca os montava. Liteiras ricas de uso pessoal do sultão, revestidas a prata e ouro fino. Dois leões em ferro, retirados da tumba de um sultão de Malaca, para servirem, depois da morte de Albuquerque, guardas do seu túmulo em Goa.

Um infindável montante de pedraria, para depois meticulosamente seleccionadas para oferecer ao Rei Dom Manuel. Esta oferenda seria o testemunho da conquista e gratidão para com o Rei Venturoso de lhe ter conferido a honraria de Vice-Rei da Índia.

Junto, com tão fino espólio, ía uma espada, cravada de diamantes e um anel de rubi, oferta do Rei do Sião a Dom Manuel I, presente do monarca siamês, pelo encetamento das relações recentes. Unicamente, foi apenas isto, que o grande Albuquerque conseguiu salvar, a sua vida e de mais quatro pessoas.

A Malásia e a Indonésia o tesouro afundado

A fortuna suposta existir na naufragada nau, partida em dois quando fustigada pelos “maus ventos” naquela noite trágica foi motivo, de entrevistas e sem valia de veracidade das disputas entre os Governos malaio e indonésio.

Um e o outro reclamam o direito ao espólio afundado. A querela: guerra fria e surda, supostamente nunca teria existida foi incrementada nos anos 1991/92: Tudo isto se ficou a dever ao sensacionalisno, da divulgação, dado pelos jornais de alguns países do Sudeste Asiático.

O jornalista Tony Wells na revista “Skin Diver” escreve um artigo que cobre várias páginas e na capa: “80 biliões de dólares perdidos e descobertos”. O articulista historia Malaca, dá-o como o mais rico porto de toda a Ásia e alonga-se no naufrágio da Flor de la Mar. A peça, é ilustrada com várias fotografias onde estão porcelanas decorativas e uma estátua, a saltar à vista como se fosse de ouro

Não houve provas que os objectos tivessem sido da nau de Albuquerque. Rumores, circulados, as peças teriam sido compradas num antiquário e mais não serviram para uma notícía de cariz impostora. A té ao momento não há uma sólida evidência da localização,exacta, da Flor de la Mar.

Claro e certo que os cronistas portugueses contaram histórias de naufrágios nos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico e estes, ao longo de vários anos, capítulos têm sido traduzidos para várias línguas e, servido de pesquisa aos historiadores, estrangeiros, que os menos escrupulosos lhe têm acrescentado possiveis e imaginárias localizações com o provérbio: “quem escreve um conto acrescenta-lhe mais um ponto”.

Em 1960, o arqueólogo, marítimo, norte-americano, Robert Marx, tomou conhecimento, pela primeira vez, quando estava a “basculhar” papeis antigos, em Lisboa, do afundamento da Flor-de-la-Mar, que designa o espólio das preciosidadse e, mais milha menos milha, a localização do sitio certo onde se deu o acidente, marítimo, próximo da costa da ilha de Sumatra.

A história dá conta de cerca de 300 naufrágios nas redondezas, de naus portuguesas, inglesas, francesas, holandesas e, não há números exactos de quantos juncos chineses e outras embarcações, tradicionais, da região. Normalmente, o afundamento acontecia, pelo erro de navegabilidade, a ganância de carregar o mais possível de mercadorias, permebialidade dos cascos dos navios que enchiam os porões de água.

Segundo os cálculos, dos entendidos, a Flor-de-la-Mar está a 40 metros de profundidade.

Há fortunas, sem conta, silenciosas, no fundo do mar do Estreito de Malaca. Rota das naus dos países da Europa depois dos anos quinhentistas, encurtando a distância dos caminhos em direcção ao Golfo da Tailândia, Mares do Sul da China e do Japão.

Tesouros que o homem vai experimentando, com teimosia e meios técnicos a sua recuperação.

Até agora pouco, pouco mais foram encontrados que uns pedaços de porcelana da China, de pequenos juncos que não resistiram aos ventos ventos contrários à direccção do rumo tomado.

Os depojos, lá continuam sepultados indeferentes à teimosia do homem em os trazer à luz do dia e aos milhões (falsos ou verdadeiros) de dólares já dispendidos.

José Martins

LÍNGUA-A herança da língua portuguesa no oriente por Marco Ramerini


Margarida Castro
para grupo-dialogos

A herança da língua portuguesa no oriente


10 de Maio de 2010

Tradução feita por Márcia Siqueira de Carvalho
a herança da língua portuguesa no oriente
Regiões onde o português e variações deste eram - ou ainda são - exercitados

Regiões do oriente onde o português e variações deste eram - ou ainda são - exercitados

A língua portuguesa foi, nos séculos XVI, XVII e XVII , a língua dos negócios nas costas do Oceanos Índico, em função da expansão colonial e comercial portuguesa. O português foi usado, naquela época, não somente nas cidades asiáticas conquistadas pelos portugueses, mas também por muitos governantes locais nos seus contatos com outros estrangeiros poderosos (holandeses, ingleses, dinamarqueses, etc).

No Ceilão, por exemplo, o português foi usado para todos os contatos entre os europeus e a população nativa; vários reis do Ceilão falavam fluentemente esta língua e nomes portugueses eram comuns na nobreza. Quando os holandeses ocuparam a costa do Ceilão, principalmente sob as ordens de Van Goens, eles tomaram medidas para parar o uso da língua portuguesa. Porém, ele estava tão entranhado entre os habitantes do Ceilão que até mesmo as famílias dos burgueses holandeses começaram a usar a língua portuguesa. Em 1704, o governador Cornelius Jan Simonsz falava que : “se você fala português no Ceilão, você é entendido em todo lugar”. Também na cidade de Batávia, capital da Holanda Oriental (atual Jakarta), o português foi a língua falada nos séculos XVII e XVIII.

As missões religiosas contribuíram para esta grande expansão da língua portuguesa. Isto porque desde que as comunidades se convertiam ao catolicismo, elas adotavam o português como língua materna. Também as missões protestantes (holandeses, dinamarqueses, ingleses …) que trabalharam na Índia foram forçados a usar o português como a língua de evangelização.

A língua portuguesa também influenciou várias línguas orientais. Muitas palavras portuguesas foram incorporadas por vários idiomas orientais, como as da Índia, do suaili, malaio, indonésio, bengali, japonês, os várias do Ceilão, o tetum de Timor, africâner da África do Sul, etc. Além disso, onde a presença portuguesa era preponderante ou mais duradoura, cresceram as comunidades de “casados” e “mestiços” que adotaram uma variedade de língua mãe: uma espécie de Creoule português.

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BIBLIOGRAFIA:


- Abdurachman, Paramita Rahayu "Some portuguese loanwords in the vocabulary of speakers of Ambonese Malay in christian villages of Central Moluccas"
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- Clancy, Clements "The genesis of a language: the formation and development of Korlai Portuguese"
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Dialecto Indo-Portugues de Goa; Dialecto Indo-Portugues de Damao; Dialecto Indo-Portugues do Norte; Dialecto Indo-Portugues de Negapatao; Berço duma cantga em Indo-Portugues.
The latest edition of the interesting study of Sebastiao Rodolfo Delgado on the Creole languages of Goa, Damao, Negapatam and the Northern Province of India.
- Dalgado, Sebastião Rudolfo "Dialecto Indo-Português de Ceilão"
301p. (Cadernos Ásia) CNCDP, 1998, Lisboa, Portugal.
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In: SOUZA, Teotónio R. de (ed.) "Indo-Portuguese History. Old Issues, New Questions (3 th ISIPH )"
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JCBRAS Vol. IX, 1965, pp. 229-238
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XXVII, 257 pp. Creole Language Library, Benjamins, 1990, Amsterdam and Philadelphia.
- Lopes, David "A Expansão da Língua Portuguesa no Oriente durante os Séculos XVI, XVII e XVIII"
265 pp. Portucalense Editora, 1969, Porto, Portugal.
- Matos, Luís de "O português, língua franca no Oriente"
In: "Colóquios sobre as províncias do Oriente" Vol. 2 Junta de Investigações do Ultramar, 1968, Lisboa. - pp. 11-23
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- Silva Jayasuriya, Shihan de "Indo Portuguese of Ceylon: a contact language"
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- Silva Rego, Padre Antonio da "Dialecto Portugues de Malaca e outros escritos"
304 pp. (Cadernos Ásia) CNCDP, 1998, Lisboa, Portugal.
Dialecto Portugues de Malaca; A Comunidade Luso-Malaia de Malaca e Singapura; A cultura Portuguesa na Malaia e em Singapura.
- Teixeira, Pe. Manuel "The Influence of Portuguese on the Malay Language"
In: "Journal of the Malayan Branch of the Royal Asiatic Society", 1962, vol. XXXV (Pt. 1).
- Theban, Laurentiu "Situaçao e perspectivas do português e dos crioulos de origem portuguesa na India e no Sri-Lanka"
In: "Actas do Congresso sobre a situaçao da lingua Portuguesa no Mundo" vol. 1 pp. 269-285 Imprensa National, 1985, Lisboa, Portugal.

http://www.colonialvoyage.com/pt/asia/lingua/heranca.html

leia este artigo na íntegra no http://opatifundio.com/site/?p=3153

Sunday, May 30, 2010

PORTUGAL NO CEILÃO

Luis de Camões no Canto Primeiro da sua imortal Obra os Lusiadas designa o Ceilão como a Taprobana:

Que, da Ocidental praia Lusitana,

Por mares nunca dantes navegados

Passaram ainda além da Taprobana,

Em perigos e guerras esforçadas

Mais do que prometia a força humana,

E entre gente remota edificaram

Novo Reino, que tanto sublinharam>>

Ante das naus de Portugal chegarem ilha do Ceilão (também conhecida pela da canela), o território já era conhecido na Europa e o naturalista, romano, Plínio depois de meados do século I, (era de Cristo) já se refere à Taprobana na sua obra <> como sendo uma terra tretos elefantes. Ceilão na língua sinhalesa significa leão e, assim a “Ilha dos Leões”

No início do século I as rotas marítmas para a Índia e o Ceilão eram efectuadas pelo Mar Vermelho e teriam que ser aproveitadas as monções. Cada viajem (de Julho a Setembro demorava três meses) e o regresso, se procedia, de meados de Novembro a Fevereiro com igual de tempo do percurso..

As especiarias e outros produtos da ilha chegavam aos mercados, costeiros, mediterrânicos aos portos de Veneza, Piza e Génova (Itália) pela rota de Ormuz e dos rios Tigre e Eufrates.

A descoberta da rota marítima por Vasco da Gama, em 1498, leva que os portugueses venham a ser os senhores do comércio marítimo da Ásia e, evidentemente, sem ser uma ocupação colonialista, mas em procura da conquista do monopólio do comércio nas zonas, arrearam as âncoras das naus nos portos da Costa do Malabar e, oito anos depois, chegam ao Ceilão.

Não são, de todo, faceis os contactos com as populações mas deparadas dificuldades e pelejas, no princípio, para encetar o relacionamento, comercial, com os povos dessas paragens dado que os árabes e os sultões otomanos eram os senhores da navegabilidade dessas águas e da permuta mercantil entre a Ásia e a Europa. As caravelas lusas navegam, sem embates navais; o receio dos assaltos da pirataria no oceano Índico desde Goa, Ormuz, Malaca e não tardam a chegar aos portos do mar do Sul da China e ao do Japão.

Vasco da Gama, em Maio de 1498, aporta em Calecute, com quatro velas sob o seu comando e depois em 1503 Afonso de Albuquerque conquista, definitivamente, Cochim (conhecido como a ilha da pimenta) e está, portanto, consolidada a ocupação, mercantil e Portugal; fica com isto o senhor do comércio das especiarias e a navegabilidade, franca, nas costas de Malabar, do Coramandel, da baía de Bengala e mais para o sul o mar de Andaman, o estreito de Malaca e o Golfo do Sião (Golfo da Tailândia) e daqui aberta a porta para o extremo Oriente.

No ano de 1506 os portugueses desembarcam, em Ceilão, na ilha de Sinhala dripa e passados oito anos de Gama ter chegado a Calecute.

A ilha está dividida em vários condados e como chefe máximo um Grande Rei ou Imperador. Como religiões tem a budista e, outras com menores significados a muçulmana e a hindu. É muito fértil de produtos gerados da terra, onde se destaca, em primeiro lugar a canela, a folha do betel, corantes, marfim, pérolas e safiras.

Como porto de águas seguras e notável movimento marítimo é o de Colombo, a uma hora de viagem de Kotte, na Costa Ocidental. O palácio do Grande Rei está edificado na cidade de Kotte, que os portugueses tentaram desde logo dominar e, embora, com algumas dificuldades o propósito foi conseguido.

Após uma dúzia de anos (1518) dos portugueses chegarem ao Ceilão já tinham construído uma fortaleza para defender o Rei de Kotte. Passado três anos (1521) os portugueses dominam, totalmente, o comércio do Ceilão. A influência lusa expande-se, pela ilha e dentro dos muros do palácio imperial. Os sobrinhos do Grande Rei, princípes Raygam, Mayadunne e Bhuvanaikabahu conspiraram contra o tio, para, assim, concretizarem as sua ambições do Poder e assassinaram-no. O propósito dos conspiradores era o de dividirem o Reino em três parcelas. Dada solidificação e poderio dos portugueses no Ceilão são chamados para arbitrarem a questão da situação.

O portugueses colocam-se ao lado do princípe Bhuvanaikabhu e intronizado como Rei de Kotte. E como seu colaborador fica o irmão Raygam, que acabou por falecer pouco depois. O princípe Mayadunne, foi lhe oferecido o condado de Sitavaka e aliou-se aos muçulmanos de Calecute, dado, que estes estavam alarmados com a influência dos portugueses na corte do Rei de Kotte e decidiram atacar para o destronar Bhuvanaikabhu.

A decisão dos portugueses de terem optado pelo princípe Bhuvanaikabhu teria que ser respeitada e, para que que fosse aumentada a defesa dos porto, do palácio e do monarca foi pedido auxilio naval a Goa e dali parte uma armada, debaixo das ordens do Vice-Rei D. Garcia de Noronha e comandada por Miguel Ferreira.

Havia a necessidade, dos portugueses, de fortalecer a defesa do Ceilão, não só dos muçumanos mas também dos turcos dado que corriam rumores, em Goa, que a chegada deles à ilha seria eminente. O Vice-Rei D. Nuno da Cunha, ordenou a partida da nau Catur com a finalidade de alertar os portugueses da costa do Coramandel que os otomanos tinham partido de Diu para Goa.

A disputas de 1521 a 1538 entre os portugueses e muçulmanos eram constante e foi então travada uma batalha em 1538 por Martin Afonso de Sousa, na cidade de Vedalai (norte do Ceilão, que desbaratou a frota muçulmana e entra triunfalmente em Kotte. No ano seguinte os muçulmanos não desarman e convencidos que ainda podem derrotar os portugueses e chamar a eles o comércio da ilha, são definitivamente derrotados por Miguel Ferreira, à porta de Kotte.

Miguel Ferreira um português de convicções, depois de vencer os muçulmanos avança, com os seus aliados sinhaleses e suas tropas para Sitavaka e exige um tratado de paz com Mayudunne e, uma das condições que lhe foram impostas: lhe entregasse as cabeças dos líderes muçulmanos.

Miguel Ferreira partiu para Ceilão, sob as ordens do Governador Nuno da Cunha e, em 26 de Novembro de 1539 está de regresso a Goa e elabora um extenso relatório ao Rei D. João III a dar-lhe conta da vitória sobre os muçulmanos em Ceilão.

Numa das passagens do relatório Miguel Ferreira informa o rei de Portugal, do seguinte: que enviara como seu emissário Manuel Queiróz para negociar a paz com Mayadunne e uma das suas exigências era que lhe entregasse as cabeças dos líderes muçulmanos.

Passagens do relatório dirigido ao Rei João III de Portugal

....

<<...e no derradeiro os mandou matar e me mandou as cabeças delles e mandou-me a cabeça de Patemerqua e a de Cunhalemerqua e seu sobrinho e a de hu seu cunhado e d’outros muytos capitães e alargou a el-Rey todas as terras que tinha e todos os portos do mar que tinha e pagou a el-Rey todos os gastos, que tinha feitos na guerra.

E asy se veo el-Rey pera Cota muito ledo e muito comtente louvando muito a Vossa Alteza, que lhe mamdara emtregar seu Reino tudo ha elle perdido.>>

A paz fica, mais ou menos estabelizada, com o Rei ao lado dos portugueses, no Ceilão.

O prestígio de Portugal no Oriente destaca-se e em 1542 uma delegação diplomática, do Ceilão chefiada pelo Embaixador Sri Radaraksa, parte com destino a Lisboa, fazendo uma escala por Goa onde dali segue para Lisboa e avistar-se com o Rei D. João III.

Com eles, seguem presentes para o monarca português e duas estatuetas, uma com a figura do Princípe Dharmapala que tinha a sua altura e uma coroa, de ouro maciço para que D.João III lha colocasse na cabeça como forma de o intronizar como Rei de Kotte e herdeiro de Bhuvanek Bahu que sempre estivera ao lado dos portugueses.

A cerimónia, segunda foi narrada pelo Padre F. Queiroz (1687) : “que o Embaixador do Ceilão foi recebido por D.João III, que coroou o Príncipe na presença de grandes personagens do reino, aos quais foi lida uma mensagem.”

Em princípios do ano de 1541, D. Martim Afonso de Sousa, quando foi assumiu o alto cargo de Governador da Índia, cerimónia que teve lugar em Lisboa, teria garantido a S. Francisco Xavier que a ilha de Ceilão estava pronta para aceitar a religião Cristã e a conversão da população. A informação transmitida ao Apóstolo das Índias, já tinha sido dada, oficialmente, de Goa ao rei de Portugal pelo D.Estevão da Gama que era o segundo filho de Vasco da Gama. Francisco Xavier chega a Goa em 1542 para a missão, ao serviço do Rei de Portugal, de cristianizar o Oriente.

O Rei de Portugal, por anos, foi firmando tratados com o Rei do Ceilão. No primeiro instrumento estão descritas várias cláusulas em que se nota que Portugal tinha absoluta suserania sobre o Ceilão e do seu Rei. Se compreende a razão do monopólio para evitar a infiltração dos muçulmanos.

Numa clásula:

1º - O rei de Ceilão é obrigado a pagar ao rei de Portugal determinada quantidade de ;

2º - Toda a canela produzida, deveria ser metida numa casa da qual o feitor de D.João III terá uma chave e o do rei de Ceilão terá outra; como, mesmo assim, o feitor desvia, em seu proveito, a canela melhor, deve prover-se no sentido de evitar um tal abuso.

3º - Os portugueses que forem negociar para Ceilão, deverão pagar os direitos de tudo o que venderem ou comprarem, assim como nenhum mercador poderá impor preços ou forçar a venda dos artigos que pretendem obter.

Durante o reinado de D.João III foram efectuadas diversas negociações com o Rei do Ceilão

Almeirim, 12 de Março de 1543

Alvará de D.João III para Bhuvaneka Bahu a respeito do direito de sucessão do Príncipe Dharmapala;

Almeirim, 13 de Março de 1543

Alvará de D.João III para Bhuvaneka Bahu a respeito do comércio dos portugueses em Ceilão;

Almeirim, 13 de Março de 1543

Alvará de D.João III para o Rei Bhuvaneka Bahu a respeito da construção naval dos portugueses em Ceilão;

Almeirim 13 de Março de 1543

Alvará de D.João III para Bhuvaneka Bahu a respeito das terras dos portugueses em Ceilão;

Almeirim, 13 de Março de 1543

Alvará de D.João III para Bhuvakeca Bahu a respeito do controle ou vigilância dos barcos;

Almeirim, 14 de Março de 1543

Alvará de D.João III para Bhuvaneka Bahu a respeito so comércio de compra e venda dos portugueses;

Almeirim, 14 de Março de 1543

Alvará de D.João III para Bhuvaneka Bahu a respeito dos direitos alfandegários;

Almeirim, 14 de Marçol de 1543

Alvará de D. João III para Bhuvaneka Bahu a respeito dos direitos a pagar pelos Neo-convertidos;

Almeirim, 16 de Março de 1543

Alvará de D. João III para Bhuvaneka Bahu a respeito do lugar de interprete em Ceilão;

Almeirim, 16 de Março de 1543

Alvará de D.João III para Bhuvaneka Bahu sobre o lugar de camareiro-mor do Rei de Kotte

São, assim, assinados 13 Alvarás que continuam a garantir ao Rei de Portugal a concessão do comércio geral com o Reino do Ceilão.

O relacionamento entre os dois reinos é salutar e prova-o os presentes, valiosos, oferecidos ao Rei João III e aos vice-Reis da Índia. O Rei Bhuvaneka e conhecendo o poderio naval dos portugueses, com bases em Goa e em Malaca e da navegabilidade, constante, das naus nos mares da Ásia, só Portugal lhe pode garantir (mesmo com os monopólios concedidos) o trono e a coroa.

A descoberta do Caminho Maritímo pela rota do Cabo para Índia, por Vasco da Gama, dá os seus frutos logo após a conquista de Malaca, por Afonso de Albuquerque, em 1511 e em meados dos século XVI e poderia português na Ásia está em absoluta consolidação.

S.Franscisco Xavier sonha e nos seus planos está a conversão dos sinhaleses ao cristianismo, mas sabia,também, que iria deparar com dificuldades, não de carácter violento, mas porque, embora a religião budista não tenha as raizes no Ceilão, mas na Índia; foi desta ilha que partiram os monges budistas, missionários, a dissiminá-la pela Ásia até ao Japão.

S.Francisco de Xavier em 1543 encontrava-se em Cochin e, ainda nada sabia daquilo que se estava a passar no Ceilão, sobre a cristianização e, entretanto chega do Ceilão André de Sousa com o Princípe D. João, filho de Bhunaveka Bahu e que lhe tinha sido dado o nome do de Infante D.João. Oito dias depois chegava a Cochim um outro seu irmão que com o nome, cristão de Luiz.

S.Francisco de Xavier, avistou-se com eles e não os conseguiu convencer. O mesmo já tinha sucedido, o mesmo, ao Frei João de Vila do Conde.Os principes, defacto tinham nomes cristãos, mas não se tinham convertido. O clérigo pensavam, porém, que os princípes se converteriam e assim, obterem, mais protecção dos portugueses.

O Apóstolo do Oriente, veio para a Índia e umas das suas convicções era que o Ceilão iria ser uma certeza cristã dado que tinha sido informado dos resultados de 600 baptismos na ilha de Mannar (norte da ilha) e que teriam sido os convertidos dominados e obrigados à conversão pelo rei de Jafna.

O Mestre Francisco ( como o tratava o Fernão Mendes Pinto) não desiste dos intentos de vir a concretizar o sonho de introduzir o cristianismo no Ceilão.

Vejamos o que nos diz o Padre Fernão Guerreiro na sua obra “Relação anual das coisas que fizeram os Padres da Companhia de Jesus nas suas missões do Japão, China, Cataio, Tidore, Ternate, Ambrino, Malaca, Pegu, Bengala, Manar, Ceilão.......(seguem-se outros países), Tomo primeiro, de 1600 a 1603 (Coimbra, Imprensa da Universidade, 1930, dirigido e prefaciado por Artur Viegas):

«O primeiro padre da nossa companhia que entrou na ilha de Ceilão foi o Padre Mestre Francisco, há mais de cincoenta anos, e nela pregou o sagrado evangelho principalmente no Reino de Candia, onde converteu o mesmo rei e muitos dos seus....>>

De facto o cristianismo penetrou na ilha do Ceilão mas nunca ganhou raizes e passados 460 anos apenas 8% da população é cristão, 69% budista, 15% indu e 8% muçulmana.

Luis de Camões, o poeta, no Canto IX, estância 14) e, Canto X, estãncia 51, continua a referir-se ao Ceilão e, sem a menor dúvida que o poeta esteve na ilha. O poeta transmite a visão e os seus sentimentos daquilo que observa, por onde passa, não para a prosa, corrente, mas sim para a lirica

<<...Com que Ceilão é rica, ilustre e bela.>>

A nobre ilha tambem de Taprobana

Já pelo nome antigo tão famosa,

Quanto agora soberba e soberana

Pela cortiça cálida, cheirosa,

Dela dará tributo à Lusitana

Bandeira, quando, excelsa e gloriosa,

Vencendo, se erguerá na torre erguida,

Em Columbo, dos próprios não temida.>>

Tanto, que nuvens passa ou a vista engana;

Os naturais o tem por cosa santa,

Pola pedra onde está a pegada humana....>>

A religião cristã, de facto, não se instalou no Ceilão, mas a influência portuguesa na ilha ficou vinculada, desde Colombo a Jefna no norte. Ela reside e, ainda, muito forte na ilha.

Em 1982 visitei a ilha por 15 dias. Não fazia a minima ideia de que os portugueses tinham passado por ali e permanecido pelo curto espaço de cerca de um século. Antes do avião aterrar no aeroporto de Colombo deparamos, do alto, uma beleza que nos maravilha. A aeronave, na sua queda para se aproximar da pista, passa arasar a copa da ramagem, verde, dos coqueiros.

A poucos quilómetros do aerporto e quase a entrar na cidade de Colombo deparo com as tabuletas a anunciar as lojas comerciais, escritas, em nomes portugueses, e ali estão: os Sousas, os Gamas, os Xavieres, os Coutinhos e outros nomes e apelidos lusos.

Entretanto não ficaram só os nomes, por gerações, mas também a memória da passagem dos portugueses no Ceilão. Ela constitui um facto e, mais nos deu a convicção de tal, depois de viajarmos de comboio de de Colombo a Baticola (há aqui um forte português com canhões da fundição do Manuel Bocarro de Macau), Jafna e Kenkansantorai e, com as pessoas que falámos e, quando lhe dissemos que eramos de Portugal, foi visivel a satisfação das pessoas que nos ouviram e simpáticamente nos ofereceram chá e a bebida, fortificante, “tódi” extraída da árvore do coqueiro.

A norte e na província de Jafna na ponta ao norte da ilha e o estreito que liga o as águas do Coramandel, uma pequena povoação costeira de nome Kenkansantorai, hospedei-me numa humilde pousada do Governo de Sri Lanka, para que ali ficassem acomodados os visitantes estrangeiros. Para lá do canal, à noite, vislumbravam-se as luzes de Madras, na Índia e durante o dia, coisa nunca vista, pescadores com água até aos joelhos agarravam peixes à mão, quando estes ao saltar da água azul do mar e, brilhavam as suas escamas, prateadas, ao penetrarem na luz do sol.

O gerente dessa pousada da etnia sinhalesa, Joaquim de Sousa, quando soube que eu era português foi buscar-me um livro da terceira clase, do ensino elementar; um gravador e pediu-me que lhe gravasse toda o conteúdo para que o aprendesse. O que naturalmente o fiz da primeira à última página.

No Ceilão foi cunhada moeda portuguesa. O comércio português na Ásia atinge o auge já no reinado de D. Manuel e porisso há a necessidade de ser emitida moeda dado que esta se poderia perder, roubada pelos piratas que infestavam os mares, ou nos náufrágios das naus durante as tempestadas ou erros de navegação que as levava aos encalhes ou detroçadas contra os rochedos da costas do Antlântico e do

No reinado de D.Manuel I é cunhada moeda em Goa, Cochim e Malaca; nos de D.João III e D. Sebastião em Goa; na era filipina e no reinado de D.João IV a moeda continua a ser produzida nas Casas da Moeda de Goa e no Ceilão. A moeda portuguesa está assim instrumentalizada nos portos da Ásia e extremo-Oriente dado que, também, não ser efectuada nenhuma transação comercial com o ocidente, dispensar a língua lusa, na concretização das permutas comerciais, quer nestas fosse utilizada a moeda ou os produtos da terra.

Depois da moeda cunhada na ilha temos o teatro, as procissões as cerimónias religiosas introduzido pelos missionários franciscanos de carácter lusitano. Certas passagens do autos de Gil Vicente foram adaptados a peças teatrais e exibidas no Ceilão.

Duzentas e dezanove palavras lusas foram introduzidas na língua sinhalesa. E mais, os pandeiros do Minho, as peneiras de arame, as almofadas de rendilheiras de Vila do Conde, os bilros da Póvoa de Varzim, as espichas de osso para correias de roca de Santa Maria de Portuzelo, as lanternas das Alminhas, as camisas de mulher de Viana do Castelo que ainda hoje estão em uso no Ceilão.

Sobre a história de Portugal no Ceilão há muito mais para descrever durante os 165 anos de permanência lusitana na ilha.

O Rei de Kotte, ofereceu, várias peças artisiticas, onde se incluiam cofres de marfim ao Rei de Portugal e a Vice-Reis da Índia de valor incalculável cujo estas peças valiosas foram executadas em 1545. Porém, sem se saber como foram, algumas, parar a Munique e vendidos em Lisboa ao Arquiduque ou Hertzog Albrecht da Baviera, através dos seus seus enviados comerciais (ou diplomáticos).

B.Xavier Coutinho na sua obra “Portugal na História e na Arte de Ceilão”, 1972 escreve:

José Martins 2003

P.S. Foi-me muito últil a informação recolhida da obra “Portugal na História e na Arte de Ceilão “Tombos of Ceylon (Arquivo Histórico Ultramarino) – Ceilão e Portugal-Relações Culturais de B. Xavier Coutinho - Lisboa 1972

P.S. O texto tem alguns erros ortográficos e de pontuação.

Saturday, May 29, 2010

VENCESLAUS DE MORAIS NO JAPÃO

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Tenho em cima da mesa, brejeira, de trabalho o livro “Venceslau de Morais e o Japão”, que há anos, numa visita a Banguecoque, o falecido Dr. Jorge Dias, um residente em Tóquio e historiador sobre a vida e obra de Venceslau de Morais me ofereceu. Escrevi algo sobre o português exilado no Japão e sua história de vida é deveras apaixonante que não se livrou da intriga, muito voga na sua época como aliás sempre se manteve, entre os portugueses, que viveram na Ásia.

Na página 37 há um texto que transcrevi:

“Num telegrama datado de 10 de Junho de 1913, Morais pede ao Presidente da República Portuguesa a dispensa imediata de todos os cargos oficiais, abdicando simultaneamente da reforma a que tinha direito. A exoneração ocorre a 8 de Julho. Mas já alguns dias antes, a 4 de Julho, Morais partira para Tokushima, cidadezinha de sessenta mil habitantes, na costa oriental da ilha de Shikoku, com o intuito de aí passar o resto de sua vida. A escolha de Tokushima implicava uma vida de exílio, longe do contacto com a cultura e civilização ocidentais; por um lado, excluía igualmente a possibilidade de integração na sociedade xenófoba dessa pequena cidade de província. Morais vivia humildemente das popupanças. O que o terá levado a dar este passo tão invulgar constitui um enimga já que para os seus contemporâneos. Em Outubro de 1913, o governo de Macau perguntou ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Tóquio, se Morais ainda estaria são de espírito. Tóquio encarregou um comissário da polícia de Tokushima de passar um atestado de saúde mental a Morais. Após conversa pessoal com este, o comissário acabou por considerá-lo normal”
Para conhecer um pouco da vida de Venceslau de Morais clique em cima das imagens